sábado, 16 de abril de 2011

Batom Laranja

Coisas incríveis também acontecem com pessoas normais. Em um momento estamos ricos e de repente: PUFF! Perdemos tudo! Ou ao contrário, estamos pobres e de repente ficamos ricos! - Tá, esse último é bem mais difícil de acontecer, mas acontece!

Mais de um mês tinha se passado desde o nosso último abraço, e eu ainda lembrava o quão ele era confortável. Lembrava também da manchinha que apareceu no seu rosto e tinha te deixado paranoica. Era uma coisa tão pequena, que parecia uma lágrima. Até hoje lembro as suas constantes reclamações por causa daquela coisinha minúscula que nunca saia do seu rosto e dos óculos escuro bem grande que você usava para escondê-la. Mas, quer saber? Eu até que gostei, porque você ficava ainda mais normal e menos Barbie.

- Alô? Duda? Tá me ouvindo? Essa introdução se repetiu por quase um mês. Entre altos e baixos, me contava tudo sobre sua viagem a São Paulo. As idas e vindas pelo interior paulista. De Araras para Americana e vice-versa. Tudo era motivo de alegria e festa, não tinha espaço para problemas. Durante quase um mês eu fui somente ouvidos. Estava me sentindo praticamente uma Orelha Gigante, mas, não tinha do que reclamar.

Durante uma de nossas conversas, você me apresentou seu mais novo item de beleza: um batom de cor laranja. De início, confesso que achei estranho. Mas, você foi logo tratando de mandar uma foto com o tal batom. Não deu outra! Sua boca sedutora, com lábios bem desenhados e não muito carnudos estavam perfeitos! Foi a primeira vez que vi um batom de cor laranja, mas, não foi a primeira vez que admirei e desejei sua boca.

A melhor foto, o melhor sorriso e o melhor olhar, estavam juntos com o maior problema: o coração. Não que este último seja um problema, mas sim, o fato de não estar dentro dele.

Nossas conversas nunca deixarão de existir, só que agora, somos duas Orelhas Gigantes, com a pequena diferença de que uma, tem uma boca que usa um batom laranja e a outra, nem coração tem.

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