terça-feira, 19 de abril de 2011

Sinfonia no Jardim

É difícil entender como uma noite que está tão boa, consegue se transformar em um pesadelo.  Tudo ia super bem, a garoa já tinha parado; a lua, mesmo encoberta por algumas finas camadas de nuvem, brilhava e refletia nos seus olhos, todos os meus desejos.

Saí de casa tão depressa que nem reparei que ao lado de fora, a garoa já tinha parado e a baixa temperatura tinha feito o orvalho se espalhar pela grama. O cricrilar dos grilos, pareciam uma sinfonia quando se juntavam com o coaxar de alguns sapos que estavam espalhados pelo jardim. A noite era perfeita, digna de um verdadeiro romance. E quando dei por mim, lá estava eu, sentado outra vez no banco do passageiro do seu carro.

Seria muito prazeroso ficar ali, parado, admirando seu olhar e sua gargalhada estridente por me ver todo arrumado e com um corte de cabelo novo. Pra completar, o som ambiente ficou ainda melhor por conta da trilha sonora que rolava dentro do carro. Não lembro bem o nome da música, mas era da banda Maskavo. E você, achando que eu não conhecia, ficava insistindo que a banda era muito boa.

Quando a música parou, cerca de um minuto depois que eu entrei, eu perguntei para onde íamos, e você rapidamente tratou de tirar o sorriso do rosto dizendo “pra lugar nenhum, hoje, a gente conversa aqui mesmo”. Confesso que achei estranho, mas, logo fui compreendendo a situação.

“É, a garoa parou!”, você falou enquanto colocava a mão para fora da janela. Sem pestanejar, abrir a porta e saltei. A sinfonia do jardim continuava a mesma, só que agora, a plateia era formada por duas pessoas. Sem pensar muito, levantei a cabeça e olhei pra lua. Apesar da noite está fria, a lua parecia brilhar como o sol, exceto por algumas nuvens fininhas que insistiam em fazer parte do cenário e durante alguns momentos, impediam o seu brilho total.

“precisamos conversar!” você disparou com uma voz rouca e mais fria do que a noite que estava fazendo. Sentada no capô, você me tomou pelas mãos e disse que o problema não era comigo, mas sim com você. Por um instante, a sinfonia parou, o brilho da lua foi encoberto pelas nuvens e gotas de chuva caíam sobre seu rosto, se misturando com algumas lágrimas a mais. 

“Desculpa...” era só o que eu conseguia escutar você dizendo.

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