Você disse que não sabia dançar, mas foi o primeiro a dançar quando a crise chegou. Dançou de alegria por ter ficado e por perceber que estava no passo certo e não apenas dançando conforme a música. Dançava na chuva para não ser mais um a dançar no trabalho. Aos poucos, foi aprendendo ritmos novos. Rebolados. De tanto rebolar pra resolver as coisas, aprendeu que em reuniões, o jogo de cintura era muito mais importante do que as planilhas do Excel. E que o gingado inteligente, ia mais longe do que qualquer salto de balé.
Um dia, acabou dançando porque chegou mais uma vez atrasado. E descobriu que por um passo errado, a música para. Agora, dançava atrás de uma nova música. Um novo tom. Dançava pra encontrar alguém que lhe ajudasse a compor uma nova versão da sua trilha de sucesso. Em escala maior, criou o agudo, ou melhor, a dança do agoniado. De tanto dançar de um lado para outro, ganhou um calo no pé. Mas, sem abaixar a cabeça ou perder o rebolado, saiu em busca de uma nova partitura. Decidido e com sapatos novos, passou a dançar a noite toda e sem ter tempo pra dançar, tirava o sustento com a nova partitura.
Enquanto os outros ficavam no dois pra lá e dois pra cá, o dançarino se arriscava em um requebrado mais ousado. E quando a crise chegasse, estaria pronto para dançar com ela e não dançar por causa dela.
Tudo na vida é assim... Nunca perder o rebolado!!!
ResponderExcluirAndressa
Como é de praxe, muito bom!
ResponderExcluirdançando sempre fora do ritmo.
ResponderExcluir"E quando a crise chegasse, estaria pronto para dançar com ela e não dançar por causa dela." Adorei! =)
ResponderExcluirmuito bom,estava com saudades dos seus textos.
ResponderExcluirnao importa se sabemos dançar samba, ou jazz, a vida acaba por nos ensinar a dançar a musica da vida.