quinta-feira, 28 de abril de 2011

Recomeço

Você balbuciou algumas besteiras tentando me ferir e se esqueceu de olhar no espelho. As farpas que tinham como endereço o meu peito, retornaram com violência pra dentro do seu. Palavras erradas, ditas de maneira sincera. Verdades que não significavam absolutamente nada, mas, em seu mundo de faz de conta, seriam sinônimos de coragem. Você disparou contra mim, e se gabava disso. E eu, lamentava sua total falta de controle.

Já era final de tarde quando resolvi olhar pela janela. A mesma cena se repetia. No mesmo cenário, nada tinha mudado, a não ser pela sua total discrepância que ainda remoía meu estômago, igual àquela vez que comemos o pudim que estava há três semanas na geladeira. A velha parede branca, agora com algumas sujeiras de lama por causa das fortes chuvas, foi a única coisa que mudou. Porque a grama, que nunca vai ser tão verde quanto à do vizinho por conta dos inúmeros grilos que moram no jardim, continuava a mesma. Lá fora, tudo estava do mesmo jeito. Aqui dentro, tudo se reconstruía.

Um dia você vai me pedir pra voltar, e eu, vou olhar nos seus olhos, enquanto abraço sua mão contra o peito e com um tímido sorriso amarelo, vou dizer: “sabe, o problema agora não é mais com você, é comigo, desculpa!”. 

Então, vou puxar a cadeira e me sentar, enquanto fico pacientemente me perguntando se essa seria a melhor decisão.

Já passava das 11 da noite e tudo o que eu tinha feito era pensar e consumir alguns goles de um uísque falsificado e um tanto quanto aguado. Era estranho estar sentado ali, mas, ao mesmo tempo, era a única forma de reviver um romance que não existia mais, um romance que havia se dissolvido, feito o gelo no copo de um uísque falsificado.

3 comentários:

  1. Muito bom o texto, parece que se encaixa para quase todo mundo hein... pra mim tbm xD. Parabéns

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  2. adorei seu texto,parabéns meu lindo...vc como sempre criativo e muito inteligente!

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