quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Já passava das onze da noite quando resolvi sentar e escrever. No início, tentei transformar um sentimento melancólico em algo literal. Mas, você não saia da minha cabeça. Ficou circulando entre as páginas de Cegato Bertomeu e as folhas em branco de um caderno velho. Parei de escrever e passei a observá-la. Tramava uma forma de afastá-la por completo da minha vida. Para sempre. Sua existência não significava nada para mim. Não a queria por perto de forma alguma. Abri a porta e você não saiu. Xinguei até não poder mais e ela fingia que não escutava. Ameacei tirar-lhe a vida. Mas, de maneira consistente, permanecia atrapalhando minha concentração. PAFT!!! O primeiro tapa foi desferido. Por um momento, imaginei que havia acertado. Mas, logo percebi que não havia sequer chegado próximo. O susto pareceu significar alguma coisa. Ela sumiu. Retomei a leitura. A escrita. Voltava a recontar entre versos literários e bucólicos, sentimentos que jurei esquecer. Já era madrugada quando você voltou e sussurrou em meu ouvido. Por um instante pensei estar sonhando. O sussurro aumentou. A intolerância também. Com um arremesso certeiro, acertei o livro bem no meio do peito. Havia sangue. O sangue que antes era meu, agora escorria por suas feridas abertas. Estava morta. Enfim, havia matado a infeliz muriçoca que tanto me perseguiu noite adentro.

Um comentário:

  1. Te achei por aí e curti muito teu blog.

    Sou sua segunda seguidora ;)

    Bjs!

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