segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um dia qualquer

Era impressionante e ao mesmo tempo angustiante passar cada segundo sem saber pra onde ela olhava. Não sabia se as flechas que disparava com os olhos em sua direção, acertavam o alvo ou eram refletidas por um imenso escudo em forma de óculos escuro. Cada segundo parecia durar uma eternidade. Um sorriso com o canto da boca, um leve toque nos lábios com os dedos, e só. Por um período que prefiro chamar de longo, apesar de representar frações de uma hora, não conseguia penetrar em seu casulo forte e resistente. Um óculos escuro era tudo que o separava da verdade e o mantinha em um mar de incerteza. Por sorte ou por puro acaso, seus caminhos enfim se encontrariam. Começou a chover. No início, uma chuva bem fininha caía sobre o salão onde estavam e em pouco tempo se tornou uma tormenta de proporções gigantescas.  Devido à área coberta do local ser bem menor do que imaginavam, foram obrigados a dividir o mesmo recinto. Em pouco tempo estavam conversando e comentando sobre a tempestade que assolava a região naquele instante. Até que o momento tão esperado aconteceu! A bela moça de cabelos negros e compridos, e um perfume tão intenso e agradável que lembrava as propagandas do “212 da Carolina Herrera” havia se desfeito de seu escudo. Com um leve toque, suspendeu o óculos escuro e o transformou em uma espécie de prendedor de cabelo. O brilho dos seus olhos castanhos claros era tão intenso quanto à chuva que insistia em cair do lado de fora. Apesar de torrencial, a chuva não demorou em cessar. Entre sorrisos discretos e gargalhadas em alto tom, eles saíram do recinto onde estavam e voltaram para o lado de fora. A chuva havia parado. O sol voltava a brilhar. A banda recomeçou. Tudo estava fluindo com uma naturalidade impressionante, mas, nada aconteceu e tudo voltou a ser como antes. A moça de corpo sedutor voltou para seu lugar e ele foi embora.

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