quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O pra sempre, sempre acaba.

A simplicidade com a qual olhava para o porta retrato que repousava junto ao peito o fez lembrar os inúmeros bons momentos que passaram juntos. A cada página virada do álbum de fotos que acabara de preencher era como uma lâmina que penetrava lentamente e saia de maneira veloz, cortando ainda mais a pele de seu corpo volumoso. As lembranças do abraço apertado no hall do elevador surgiam como flashes dentro de sua cabeça cansada. O sussurro ao pé-de-ouvido parecia cada vez mais intenso: “Eu te amo. Pra sempre”. Por diversas vezes a mesma cena se repetia. Um abraço apertado no hall do elevador, seguido de um sussurro ao pé-de-ouvido: “Eu te amo. Pra sempre”. O sentimento de posse foi tomando o lugar da razão. O medo de perder era maior que o próprio desejo de estar junto. O carinho havia sido deixado de lado. O cafuné não estava mais tão gostoso. O sussurro virou apenas um simples tchau seguido de um selinho. O hall do elevador foi trocado pelo banco do passageiro...
A rotina havia penetrado tão fundo em suas vidas que não faziam outra coisa a não ser ver TV. O “eu te amo” foi perdendo entonação até não ser mais audível. O elevador estava só e o banco do passageiro estava vazio. O pra sempre, havia chegado ao fim.

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